domingo, 8 de novembro de 2015

Vazio




O vazio permeia o ar que respiro,

Vazio, vadio, vida de espuma...

Desfaz-se nas plumas de antigos amores,

Faz-se de desgosto no meio de agosto,

E inibe o perfume das minhas flores.



 O vazio tece o fio do destino ingrato,

Fio que ofusca o brilho dos olhos

Do meu amor, que ainda não encontrei.

Corrói os sonhos que um dia sonhei.



Meio a este vazio, só sinto frio.

Eu clamo ao sol para me aquecer,

Mas sou mesmo sombra, não sei esquecer.

Eu vivo nas sombras do que nunca perdoei,

E carrego a cruz em que me crucifiquei.



Eu choro sozinha, meu pranto de estrelas,

Não sei viver sem dilemas.

Não sei viver sem amar.

Não sei viver carregando os dias.



Eu choro porque um dia já chorei de alegria;

Eu choro porque gosto do sabor salgado

Das lágrimas de vazios, pingos calados

Que me silenciam, e lavam sereno

Meu coração pequeno de tanto doer.



No vazio o pranto é prazer.

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