Nunca
precisei de muito para viver. Pois que agora, vejo-me reduzida ainda a menos...
Um menos interminável, um menos de tudo. E ainda assim, estou do mesmo modo
viva. E esma. Como é eloquente a tradução de mim mesma a esma! Nada acrescento
de bom ao mundo. Nem nada de bom, nem nada de mal... Nem nada. Até ai, tudo
bem. Não me é exclusividade alguma - tantos por ai vivem os mesmos sendo esmos.
A diferença entre mim e eles, é que eu me percebo esma. Sei que isso eu sou...
Apenas isso eu sei. Porque o resto, ah! Por que haveria eu de saber?
No fundo do peito me bate vez por outra uma vontade absurda de
deixar de ser esma. Um desejo incontrolável de diferença perante o mundo.
Acontece que o mundo não se importa com diferença - e muito menos comigo. Então
por que haveria eu de me preocupar com ele? Não sei. Aliás, não sei de muita
coisa. Sei que sou esma. O que fazer com tanta esmice que não sei. Se ao menos
eu soubesse... Ah! Se eu soubesse que graça teria? Nenhuma, nenhumazinha. Nada
haveria para ser desvendado, nada para ser desesmado. Nada. A vida seria vácuo
(e já é ruim o fato desta ser sopro). Da vida sempre esperei ventania.
Se um dia descobrir como deixar de ser esma, juro que mostrarei ao
mundo o modo de. Mas... O mundo lá vai querer saber? Claro que não! É tão mais
fácil ser esmo. Sorte dos ignorantes, que não sofrem por não saberem. O preço
de saber é tão alto... Paga-se muito caro por saber. Por isso tantas vezes
desejo perder-me, para depois encontrar-me de novo; e é então que lembro que
vivo perdida, e que nunca me encontrei. Se por acaso tivesse, isso não seria um
texto existente no mundo, nem em mim, seria um não constante vivendo em algum
universo paralelo que não encontraria jamais o nosso... Porque esse lance de
que retas paralelas se encontram no infinito é baboseira. Pera lá, nem eu mesma
sei se existo, quando menos sei sobre a existência desse tal infinito, menos
ainda o que este significa. Mas, por alguma razão isso tudo está refletindo em
mim, e estou refletindo-o a... A alguma coisa (ou alguém) do jeito torto que
sei. Ou não sei também.
Se souberem como isso termina no final, por favor, adiantem-me,
porque sinto que tudo isso não me levará a nada (e não quero sair daqui a mesma
esma que entrei). Preciso urgentemente descobrir um modo de como fazer a
diferença rapidamente. E de como escrever de maneira mais clara que sou apenas
esma. Mas tudo bem, por enquanto este é o material que tenho... E considerando
que minha matéria prima nem de mim provém, e sim de um universo paralelo
qualquer, não me culpo tanto por esse discurso desvairadamente incompreensível
e descartável. Irrelevante, eu diria. Mas um discurso que, espero, pelo menos sensibilize em alguma coisa... Já que é tão possível entende-lo quanto impor à
existência o que nele é transmitido...
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