Olho para a folha em branco
E ela corresponde ao olhar,
Assim como você não faz.
Tento colocar-me colorida no papel,
Mas apenas o preto e branco antigo o mancham –
A melancolia, o céu cinza, escorrem vagarosos...
O resultado é monótono, um filme antigo – mudo;
Que nada diz do que eu queria dizer.
É uma imagem refletida do medo humano.
E tudo aquilo que sufoca por dentro,
Sentimentos nunca ditos, sem sentido,
Continuam entalados, retraídos.
Com o tempo o preto e branco também se esvai,
Então resta só o branco –
Só o branco e eu. E eu só.
Círculo vicioso que de nada adianta, e não adianta as horas.
As horas passam, os dias passam,
E eu aqui sempre a me deter.
Deter risadas, deter abraços.
Detendo cada cor que tenta penetrar
E vendo as cores dos outros colorindo o entorno.
Me pergunto até quando será nada (e nada será).
Até quando a ausência se sobreporá
Ao resto das folhas já escritas.
Mas um dia, a tempestade há de ir,
Deixando para trás o dia ensolarado, que irá refletir
Em mim o arco-íris. E eu terei cor. Eu serei cor.
E um dia – outro dia,
Tais cores serão transpassadas, misturadas, compartilhadas,
Às cores de outro alguém. Mudas desabrochadas...
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