quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Rabiscos




Desenhei-me frente ao espelho,
O reflexo dos nãos, sorrisos, devaneios, lágrimas em vão...
Retratei-me por inteiro, e só enxerguei rabiscos,
E dentro de mim a calmaria dos chuviscos
Verteu-se a desespero, desesperança, desolação...

 Falhei em ser no mundo, não sei se lá no fundo
Não seja todo abismo, um coração profundo...
No intrínseco das linhas, talvez no fim da linha,
Talvez no fim das contas, eu não esteja pronta
Para navegar em águas tão límpidas.
Poderia o escuro me pertencer, ou eu a ele?
Poderia o nada não ser, e ser no infinito?
Ah... Eu já não compreendo o que nunca compreendi.
O fogo continua ardendo, e eu me contorcendo
Enquanto procuro saber, se rabiscos hei de ser
Ou se entre riscos mora o riso do nascer,
Ou se entre riscos mora o medo de morrer...
Daria eu de tudo para saber!

Previa meu futuro em meu próprio ser,
Seria assim maduro, meu pranto envelhecer?
Talvez nas noites frias eu traga a mim um fósforo,
E queime estes rabiscos, que de nada tem sentido.
Se não fosse o sentimento, fugiria com o vento,
Mas fico mais um pouco, e sinto o risco oco no meio do pensamento.

Sufoco.

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