domingo, 22 de novembro de 2015

Sobre seguir em frente (ou para qual direção quiser)




Pela parte que se aparta e se parte
Em mil pedaços, mais que destruição,
Pela parte que me resta, continuo, mesmo vão.

Nesse vão que restou em meu peito
Extinguiu-se o respeito a respeito do amor.
Ele já não mais tolero, e sendo sincero,
Que arrume um jeito de se ir, junto à dor.

Dor doída, cerra a vida, corroí o sentir...
E eu hei de me ir, vou sumir, sucumbir
Minhas cachoeiras no olhar – e a secura por partir.

Partiu-se em mim o pesar, e a apesar
De sentir o riso gélido da figura empírica,
Meu seio cálido abriga o branco da oprimida:
Da tristeza que vale mais que o céu de toda uma vida.

Esse suor que escorre de mim, não é suor,
É chorar, que me atinge o mais delirante dos sonhos sem fim.
Às vezes eu tenho mesmo é pena de mim.

Por mais que diga o contrário, nada que escrevo é mesmo meu,
Às vezes o riso etéreo encobre-me do mundo o breu,
E ligo o modo automático, me acho em frenesi,
Nesse escrever sem pausas, as causas de estar aqui.

Inspiração, talvez. Talvez sim, talvez não.
Mas o olhar brilhante segue amante da solidão,
E a seguir ao longe, mais adiante a desolação.

Consolo, existe, pois bem que talvez.
Talvez, já que muito insiste, trouxe-lhe o partir
Trouxe-lhe também, a promessa de que em mim
Mora minha vida, como em ti a tua.
Então não tenha medo de fechar os olhos e dormir,
Porque mesmo o céu sem lua, a ele não temas subir.

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