quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Angústia






Em tudo, que na verdade é muito pouco,
Quase nada, quase como som no vácuo:
Que não há, nem mesmo que rouco;
Em algo, sempre existe um sentir tortuoso.

E mais, que na verdade é menos –
Quase insignificante, coração distante,
Que nem ouço nem sinto o bater,
Por algo, bateu antes, e durante.

E paz, que na verdade é castigo,
Quase inferno disfarçado de abrigo,
Que queima meus sentidos no vento...
De algo destrói o perigo!

E talvez, que na verdade é não –
Quase com obviamente prévio à fronte,
Que esmurra a face do ouvinte,
Desestabiliza cada passo seguinte.

E algum dia, que na verdade não virá,
Quase acorrentado no início em que lhe espera,
Que ilumina quem acredita na magia da primavera...
Em mim encontrará o caminho!...

E estas águas, que não movem moinhos,
Quase inertes no que já não mais volta,
Estas águas estão mortas,
E teu sabor azedo como tal.

E essa lua, quase sem formato,
Quase vai se desenvolvendo em fardo,
Que pode bem ser um bicho do mato
Perdido no imenso do espaço.

E essa guia, quase estrela em mulher,
Quase vai te empurrando onde mal querem ver
Que está a angústia mais sublime que há:
A angústia que é o ato de ser.

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