terça-feira, 10 de novembro de 2015

Trov(o)ada




Minha alma dança as trovas,
Em meio às trovoadas,
Que cintilantes se tornam brisa
Aos olhos da multidão.

Alma doce, é o que fora,
E perdeu-se, nessa água salobra:
Doce pelo antigo amor, que escorre,
Salgada pelo pranto em que se afoga.

Se pudesse ser anjo, voaria,
Mas não mais anjo há de ser.
Alma clara que fica escura não volta a ser clara,
Por mais incessante que escorra o amor... E chora.

Amor. Besta atormentada e ignorante.
Não mede o bem nem o mal que faz.
Apenas nos afaga, e depois estrangula.
E alma de luz vira essa coisa toda dura.

Antes jamais experimentasse o amor.
Ah! Que tolice! Amor é involuntário.
Se ao menos pudesse controlá-lo.
Não posso. E minha alma agora é isso, que não sei.

Minha alma atira pedras em seu reflexo,
Insulta a si mesma, entretanto é terna.
Ama, ainda assim, e crê no seu jardim...
Só colhe o que plantou.

Acalentada pelo perfume das flores de alecrim,
Segue serena, ainda que se perca
Por onde perdi a mim.
Alma é mesmo a certeza de que não há sequer um fim.

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