domingo, 3 de janeiro de 2016

Primeiramente...






Quando foi criada a poesia
Veio junto a ela a dor...
Pois por si só a melancolia
Desfalece em seu labor...

Neste dia, santo dia,
Cada flor que entristecia
Era só o papel na tinta
Que pela superfície morria...

Sorrateira espetada, espoetada
poetisa... Ela toda falecia
Em forma de palavras,
Em forma de tristeza, disfarçada de alegria...

Ah! Que mentira é a poesia!
Que mentira mal contada
Que não tem nada a dizer...
O que se esconde atrás dela, nem a mim cabe saber...

Pintura doentia de aquarelas amargas,
Arquitetura que desmorona do amor...
Retalhos gastos aos frangalhos,
Meu martírio de dar torpor...

Essas tantas tontas vivas,
Que escorrem na quietude do olhar,
Por elas nasci em plenitude:
Por elas aceitei me amar(rar).

Vento vibrante de inverno:
Um verdadeiro inferno de viver...
Porque ela em tudo te prontifica
E escraviza-te a escrever...

Vida e morte, contradição...
Hipérbole de mim mesma...
Ela é tudo que em mim resta,
E isso é tudo enfim e então.

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