sábado, 30 de janeiro de 2016

Corr(o)ida





Socorro! Só corro, e não consigo parar!
Estou toda fatigada, ofegante, e corroída...
São tantos socos, e sufocos que nos tornam todos ocos...
Já nem sei se há chegada que me valha esta corrida!

Ter tempo é ter tempero que lhe dê graça à vida,
Porque quem corre só tem pó como vestígio a lhe seguir –
O acúmulo do estrago dos pesares e feridas,
Que se abrem e ali ficam... Não há tempo a consumir.

Os meus sonhos estão (ent)errados, não sei mais o que são.
Talvez sejam espaços vagos ou vãos... Não estão aqui!
Tantos (pl)anos corr(o)idos, que se foram, e eu me fu(d)i,
Porque sendo sincera, não sei nem porque parti...

Esse ritmo descontrolado destrói qualquer coração...
De arritmia, valvulopatia... Apatia e solidão.
E se o mundo acaba agora, lhe valeu a maratona?
Porque sem um mar à tona, nada vale a corrosão.

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