segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Questão de temperatura





Eu não sei lidar com coisas mornas,
Coisa pouca, que eu mal consigo (escre)ver.
Isso que me desperta sentimento,
Aperta no peito quando passa o momento,
E depois...
??
Espaço vago, mas não vago, que eu não sei.
Não sei se trago, se apago, ou se vago
Mesmo sem rumo.
Não sei se sumo, ou se pago pra ver.
E depois...
??
Não sei se deixo quieto, ou se deixo
(Des)perto o deserto de emoções.
É isto mesmo: é um deserto.
É algo que gosto e desgosto – imensidão, mas silêncio.
E depois...
??
O momento não cabe no infinito,
E olha que isso é devaneio de poeta sério.
Se até Drummond concluiu que o que fito
Não passa de um vão mistério, por que ainda insisto?
E depois...
??
Depois, tudo que é morno, esfria.
Tudo que é meio termo fica tão totalmente ermo,
Que nada que o preenche sacia.
Depois a alma fica vazia, e o coração enfermo.
E depois...
??

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