quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Não o( )b(a)stante






O ser humano é um troço esquisito:
Reclama do tempo, mas dele se vê revestido...
E conforme o tempo passa, vive um dia a mais para um dia a menos.
E quanto mais tempo é, menos tempo tem.

Não sabe se tem abulia, ou se se permite encharcar-se desse
Entusiasmo louco, misto ao vislumbrar agônico do fim da linha.
Está encurralado, entretanto não percebe a vã estafa
Que lhe vem sorrateira, de mansinho, sugar-lhe a vida!

No limiar da morte, renasce o tempo, ou este morre?
Continua, talvez? A vida continua quando o outro se vai...
Mas ao outro que se vai, resta apenas a sepultura?
Então esse, meus queridos, esse sim é o fim dos tempos!

Ah... Eu não entendo o tempo! Nunca entendi, e não tenho, pois, vontade!
Somos todos tão pequenos que somos feitos de segundos.
Não o( )b(a)stante, a poesia, esta é atemporalidade!
Cabe em tudo, sem gravidade e sem atrito...

Porque o segundo já passado é a poesia do infinito................................................

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Questão de temperatura





Eu não sei lidar com coisas mornas,
Coisa pouca, que eu mal consigo (escre)ver.
Isso que me desperta sentimento,
Aperta no peito quando passa o momento,
E depois...
??
Espaço vago, mas não vago, que eu não sei.
Não sei se trago, se apago, ou se vago
Mesmo sem rumo.
Não sei se sumo, ou se pago pra ver.
E depois...
??
Não sei se deixo quieto, ou se deixo
(Des)perto o deserto de emoções.
É isto mesmo: é um deserto.
É algo que gosto e desgosto – imensidão, mas silêncio.
E depois...
??
O momento não cabe no infinito,
E olha que isso é devaneio de poeta sério.
Se até Drummond concluiu que o que fito
Não passa de um vão mistério, por que ainda insisto?
E depois...
??
Depois, tudo que é morno, esfria.
Tudo que é meio termo fica tão totalmente ermo,
Que nada que o preenche sacia.
Depois a alma fica vazia, e o coração enfermo.
E depois...
??

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ama(-)dores





Ao menos os amenos sentem menos, sofrem menos,
São pequenos, mas serenos... São terrenos – não de lua.
Criaturas protegidas dos venenos, sentimentos...
Mas eu não sou amena, tampouco tenho uma armadura.
Sinto tudo, e sinto mesmo, cada segundo de um momento,
Sou amais, sou do vento... Sou bem mais que só a moldura.

Amemos os amenos, e nada menos – é o que faço...
Porque só criando laços se desameniza um coração,
Com somas daquilo que somos, numa mesma proporção.
Amenos são mornos, são sono... Ou só não são.
Mas quem é feito em chamas, sabe bem que ama,
Que tem sede e que cede... E se excede em imensidão!

Por mais que sentir menos e sofrer menos seja tentador...
Ainda assim há tanta dor! Pois sentir menos, amar menos
É desesperador! Não espere a dor para ser mais,
Seja mais para não ser dor. Não tenha calma, tenha alma,
Seja encanto, e seja amor. Seja a cor da própria vida, e
Não se preocupe em ser profissional – seja apenas um ama(-)dor!